Alma Docente
Estar professor é merecimento. Estado de diamante que lapida valores. Lições, tarefas e aprendizagens constantes extrapolam a sala de aula.
Penso na profissão que me abraçou. De outros mestres atentos no início da caminhada. Do primeiro livro. Das histórias que eu vivia em casa e que os corredores da escola contavam em meio aos gritos da gurizada. Dei boas risadas e chorei nas homenagens: o tempo fez de mim aquela outra que ensinava.
As turmas de crianças, adolescentes, jovens e adultos tornaram-me aprendiz. Feliz, busquei a fonte das perguntas que me faziam. Sempre tive sede e procurava estar atenta. Aluno não é número, é somente nota: musical.
Quantos talentos constatei durante os anos. A arte da escuta qualificada vem de ouvidos atentos e olhos que silenciam. Sabemos das respostas na mais simples adição: amando. Quando retorno, o passado me avalia e me sinto à prova. Será que deixei rastros de inocência no cuidado com as palavras?
Hoje ainda revisito espaços que educam. Soa familiar o chamado da docência. O convite para a escrita deste texto provocou intensidades: você que me lê, decifra o cotidiano em classe? Se percebe além das janelas e muros que também ensinam? A disciplina é apenas um sol poente. O que importa reside na prática do que incorporamos. A memória faz do corpo um ser que não envelhece.
Penso que se o botão for acionado pelo viés da tecnologia, e não do que desabrocha pela curiosidade, estaremos fadados à mesmice. O ensino se faz do cotidiano e a aprendizagem se materializa nos sonhos. Educamos porque nos convencemos de que somos melhores quando compartilhamos. Aprendemos quando estancamos a descrença.
Para quem quem se predispõe a encontrar ninhos, as árvores sempre aparecem, enternecendo a raiz dos caminhos. Semear e colher exigem a terra fértil dos sentimentos. O educador, assim como quem planta, reconhece que todas as estações são braços abertos, porque enxadas e sementes brindam as manhãs.
Que o Dia do Professor represente um momento lúdico. Que haja a unção da memória infante. Uma porta escancarada para o novo.
"Aluno não é número, é somente nota: musical". Lindo!
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