Estufas Para O Aquecimento das Palavras
Dormem
abrasadas
as vogais
e seus pilares.
Envidraçadas,
vulcanizam
o sonho do homem.
De seus cozimentos,
o fogo lento
vai formatando
as sentenças.
Cômodos são aquecidos,
enquanto um séquito
de verbos, substantivos
e adjetivos retornos
modelam na mão
do poeta,
os versos de uma casa
cujas paredes sangram.
As palavras
angustiam-se
nas redomas:
somente a boca
lhes servirá
de ancoradouro.
Viajantes,
seguem profetas
e fariseus.
Fomentam
discórdias
e se redimem
nas escolhas amorosas.
Neutralizam
a fé no cimento
das pegadas,
pois o coração
das criaturas
é o amálgama
de Deus.
Diferentes acordes
acordam as palavras:
o som das pás
depois das enxurradas;
a gota de orvalho
na certeza do sereno;
a caída dos frutos sazonados
aplaudidos na presença da raiz.
Que se aquietem
os textos, as páginas amareladas,
o livro aberto das heresias.
As palavras
despertam,
têm fome.
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