Microconto III
Ele falava comigo e eu juro que era sombra. Espantalho de textos, devorador dos conceitos e do que eu supunha como miragem, o conjunto me perseguia. Nem sei se era voz o que me vinha pela cintura e carcomia as palavras. Quanto mais eu ouvia, tanto de liquidez fluía naquela parte do cérebro que me deixava tonta. Era do leito ou do corredor que crescia, que a cabeça antes reduzida a fuligem e pó, tomou forma. Do espectro de duas sombras, eu e a que me seguia, saía um desenho de caveiras circundando o terreno. Passava o féretro e a voz despistava a procissão. A bruxa dos meus sonhos cantava pela mão dos coveiros. A magia da morte era um pequeno buquê jogado no santo campo das lamentações. Ela enrijecia diante de tantos olhos e ria, vindo na contramão. Havia passado pela intensiva idéia, unidade da matéria, bem-vinda ao instituto médico legal.
Tanto já lhe li, e a cada vez, nova descoberta. A metáfora tua, assim como teus olhos, é delicadeza de se apreciar, e se espantar sempre...sempre descubro algo novo. Tua palavra, metamorfoseada em língua própria, cose, alinhava o meu pensamento enquanto leio, e tão acostumado estou com a tua poesia, que ao ler não é a minha voz que ouço em mente, mas a sua. E vejo seu gesto tentando direcionar cada desa palavra, mesmo que você, e eu, e todos escritores e artistas, saibamos que as palavras, assim como a atmosfera, tem vida própria, e não seguem nossas ordens nem nosso comando. Desejo sorte ao seu Blog, que as postagens sejam sempre inseridas com orgulho. Que a palavra tenha orgulho em ter nascido em ti. E que, como boa mãe, você saiba o momento de deixá-las ganhar o fora das portas da casa. Marinaldo de Silva e Silva
ResponderExcluirmuito bem vinda ao mundo dos blogs, é um caminho e tanto para divulgação. tua literatura merecia entrar na rede...
ResponderExcluirabraços