A Lentidão Amorosa da Tartaruga



“A  tartaruga é o símbolo amoroso da lentidão.” Essa constatação levou a joinvilense Rita de Cássia Alves a eleger a tartaruga  como  ícone  identificador seu endereço de email, por exemplo, é tar-taru-gas..., e o nome é Tartaruga Touché. Mas o animal da hora na vida da poetisa é a aranha, condutora dos poemas que compõem o livro “Fios de Agora”, com lançamento marcado para esta sexta-feira na Feira do Livro. “Entrelaçar os fios do instante é tarefa de humanos, mas artesanar as teias do instinto faz parte do cotidiano dos animais. Costuramos o agora e a sensibilidade se põe à mesa, nos alimenta de histórias”, filosofa a autora, justificando sua mais nova obra. Escrever sempre foi uma atividade prazerosa para Rita de Cássia, desde o tempo de escola primária, no Colégio dos Santos Anjos, pertinho da casa em que se criou, na rua Padre Carlos, no início dos anos 60. Adolescente, mudou-se para a Abdon Batista e foi cursar secretariado no Bom Jesus. Rita conta: “Desde criança, eu sempre ganhava livros e a leitura era uma atividade agradável, que me atraía. Eu queria ser secretária, por isso fiz o curso.”

A literatura, porém, puxou mais forte, e Rita fez a Faculdade de Letras, disposta a seguir uma carreira na área. Ser escritora era seu sonho, acalentado desde a adolescência: “Eu escrevia poesias e meu irmão mais novo, Henrique, ilustrava, pois era bom no desenho.” À medida que Rita se convencia de que escolhera o rumo certo na vida, surgia a necessidade de pensar no futuro profissional. “No meio acadêmico – salienta – percebi que as amigas já trabalhavam, colocando em  prática  o  que  aprendiam.  Foi  quando  decidi  ser professora.” Prestou concurso na Prefeitura e, em 1979, iniciava carreira no magistério, dando aulas para as séries iniciais na Escola Municipal Dom Jaime de Barros Câmara. Passou depois para funções administrativas, como orientadora educacional e supervisora pedagógica no colégio Navarro Lins. O  diploma  em  letras  nem  esfriara  ainda,  quando Rita de Cássia iniciou a faculdade de pedagogia. Pós-graduou-se  em  ambas  as  especialidades  e  trabalhou durante quatro anos na Secretaria Municipal de Assistência Social, até chegar à pasta da Educação, primeiro como coordenadora e, desde 2010, como atendente no setor  de  literatura  da  Biblioteca  Pública  Prefeito  Rolf Colin, numa volta às origens, entre os livros que tanto ama. “Meu trabalho atual é uma consequência do processo terapêutico da literatura”, conceitua, referindo-se ao dia a dia na biblioteca e à dedicação às letras.
Literatura. Rita de Cássia Alves lança hoje sua quarta obra na Feira do Livro A lentidão amorosa da tartaruga
 
Momento de celebração

Como escritora, Rita de Cássia Alves participou de diversos movimentos culturais na cidade, como Viva a Poesia, A Ilha, Poemarte, Zaragata, Poesia em Trânsito, Pão com Poesia e Varal Literário. Não faltam palavras de carinho para as pessoas que, de alguma forma, estiveram a seu lado durante a carreira: “Devo muito ao professor Félix Negherbon, quando ele estava no Colégio Bom Jesus; ao Eli Francisco, que abria espaço no ‘Show das 10’ para os escritores joinvilenses; Marcos Laffin, Dúnia de Freitas, Mila Ramos... São muitas pessoas que me abriram espaços, me incentivaram a participar de concursos literários e com as quais junto-me no lançamento deste novo livro, um momento de celebração.”





Fios de Agora” (ed. Apoio, 58 páginas, R$ 20) vem sendo tecido pela autora há seis anos. “A poesia permite que tenhamos um novo olhar frente ao costumeiro, pois aceitar o momento que tecemos é respeitar as escolhas e acreditar nas opções. O tempo nada reduz, ele se infinita.” Grande público. Rita cria mais um laço com os seus leitores com o “Fios de Agora”  “Quem se constroi numa racha de parede, sublima as fiandeiras da alma. Pegajosos, fios trabalham
o quadrado de outras linhas: raios fabricam a seda.”  (Trecho de “Fios de Agora”)


Bibliografia


Rita de Cássia Alves já lançou os livros “Denúncia de Pétalas” (2001), “Ensaio de Pérolas” (premiado em concurso estadual da Fundação Cultural de Itajaí, em 2004) e “Pele Submersa” (2005). “Fios de Agora” (2013).



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