Homenagem



Crônica desta semana, em homenagem a duas mulheres especiais:
Uma ideia, duas palavras
Rita de Cássia Alves é cheia de boas intenções quando se trata de literatura e, principalmente, de poesia. Com a simplicidade de quem acredita que a poesia mora naturalmente em cada um de nós, convidou quem pensava assim ou parecido para encontrar outros que comungam da mesma ideia, num sábado pela manhã, na Biblioteca Rolf Colin para conversar sobre literatura.
Passaram-se mais de cinco anos, e a Confraria das Letras é uma realidade que já reuniu centenas de pessoas em vários lugares, para beber literatura e tudo que a cerca. Não existe diretoria, estatuto, inscrição, mensalidade, mas funciona exemplar e gostosamente.
Surgiram ideias de criar eventos, publicações e por aí vai. Isso só funcionaria se a Confraria tivesse personalidade jurídica, e assim foi decidido. Por sorte, havia um deus sábio que melou as discussões sobre o estatuto e sussurrou que seria melhor criar uma outra entidade para isso. Nasceu o que hoje é a Associação das Letras; a pureza ingênua da Confraria foi preservada e continua firme, forte, divertida e inspiradora, com grande parte de seus membros aderindo também à Associação.
Com mais de quatro anos de existência, a Associação das Letras publicou mais de uma dezena de antologias, realizou muitas oficinas literárias, envolveu-se com a comunidade de forma decisiva e, neste final de semana, realizou a já quarta edição do Encontro Catarinense de Escritores da Associação das Letras, evento que, nesses quatro anos, trouxe palestrantes de todos os quadrantes e matizes, provocando um tsunami de literatura em nossas terras.
No começo, uma palavra foi determinante para alcançar o sucesso: entusiasmo (“ação de um deus dentro de você”), que era aspergido pela Rita e pelo David Gonçalves, que foi o primeiro presidente da Associação, a todos os integrantes das duas entidades. Mas o passar do tempo pede mais do que entusiasmo: para que ele não morra, é preciso persistência. Bernadéte Costa, atual presidente da Associação, ela mesma um grande exemplo de entusiasmo (diz que corta lenha enquanto descansa), em seu discurso de abertura, trouxe a etimologia da palavra: “per” (totalidade) e “sistire” (manter-se firme) e completou: “Ser persistente é entrega-se de corpo e alma, por inteiro, à realização de uma tarefa, à concretização de um sonho, de um objetivo, inabalável qual árvore frondosa em plena tempestade”.
A semente da árvore frondosa foi uma simples ideia.

Por Donald Malschiztky

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